sexta-feira, 29 de junho de 2012

Luto e Luta!!!

Só até esse mês de 2012, 73 mulheres foram mortas na Paraíba, segundo dados oficiais divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. Dia 06 de Julho, a partir das 17 h, na praça da Paz nos Bancários é dia de mais uma vez exigirmos o que nosso de direito, igualdade, respeito e justiça. Porque somos tod@s Briggida Lourenço!!!

Fotografia e arte final de Thercles Silva


Fotografia e arte final de Dani Calaço

terça-feira, 26 de junho de 2012

CARTA ABERTA À IMPRENSA

CARTA ABERTA À IMPRENSA 
João Pessoa, 25 de junho de 2012 

Prezados/as, 

Vimos, através desta carta, manifestar nosso repúdio à maneira que a imprensa tem noticiado os casos de violência contra a mulher no estado da Paraíba, em particular, sobre as imagens utilizadas para ilustrar estas matérias. 
Não podemos aceitar a maneira como as mulheres vítimas de violência estão sendo expostas pela mídia, o que acreditamos reforçar ainda mais esta violência ao qual todas nós, de uma forma ou de outra, somos submetidas no dia a dia.
Entendemos que as imagens com corpos mutilados, sem roupas, com tarja nos olhos, entre outras, reforçam a humilhação das vítimas, no que diz respeito aos crimes de caráter machista ou de violência de gênero, e estimulam ou ao menos recompensam aqueles que os cometeram. 
A humilhação da vítima, seja para lavar a honra, seja para obter prazer (no caso dos estupros) é sim, e não podemos calar quanto a isso, um dos motivos que levam seus algozes a cometê-los. 
A imprensa também colabora com a ideia de que a mulher precisa ser "protegida", fazendo com que a sociedade insista na falsa ideia da fragilidade inerente ao nosso gênero. Precisamos sim, ser protegidas, mas não por homens e pelo comportamento "correto" de nossa parte, que em muitos textos é reforçado como uma espécie de redutor da violência contra as mulheres, e sim por leis, igualdade e justiça. 
Também devemos ser protegidas pelos veículos de imprensa, ao divulgar sim a violência contra a mulher, que vem alcançando índices alarmantes nos últimos anos. Frisando, só em 2012, 73 mulheres foram mortas na Paraíba, segundo dados oficiais divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. 
Lembramos, no entanto, que a mídia é formadora de opinião, identidades e valores, e, portanto, deve prezar pela ética, o respeito a dignidade humana, e as leis que regem este país, fazendo valer a sua responsabilidade social. 
Insistimos que não é preciso recorrer a comunicação do grotesco para informar qualquer fato. Além das imagens, a imprensa da Paraíba tem produzido textos que reforçam a discriminação contra a população pobre, principalmente quando noticiam mortes que supostamente podem estar relacionadas ao tráfico de drogas, ligando a morte das mulheres ao tráfico, e subjetivamente afirmando que “ela deveria morrer, pois significava um problema para a sociedade”. 
A apuração dos fatos, ouvir TODOS os lados envolvidos nos acontecimentos é lição básica que aprendemos na universidade e que não podemos esquecer. 
No dia em que a professora universitária, Briggída Lourenço, foi assassinada, alguns veículos de comunicação da Paraíba veicularam imagens da mesma morta, deitada de costas no chão de seu apartamento e de Elizabeth de Lima dos Santos, que foi assassinada em Mamaguape. Tais imagens violam a privacidade e a integridade das vítimas e em nada contribuem para a denúncia da violência contra a mulher! Reforçamos: ÉTICA DEVE FAZER PARTE DO FAZER JORNALÍSTICO! 
A profissão tem um código de ética que deve ser observado e colocado em prática! O uso destas imagens viola o artigo 5º, parágrafo X, da Constituição Federal que diz: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”, e ainda no mesmo artigo, parágrafo V, “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem”. 
O Código de Ética dos/as Jornalistas, no Capítulo II, artigo 6º, parágrafo VIII, diz “É dever do jornalista: respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão”. Só para citar uma das diversas legislações brasileiras que prevem responsabilidades aos órgãos que violarem a imagem da pessoa. Entendemos, pois, que qualquer continuidade nessa linha de jornalismo, que consideramos sensacionalista e ineficaz, além de ferir os nossos esforços na mudança e conscientização da população acerca dos crimes de gênero, como uma atitude a ser denunciada e combatida. 

ASSINAM:

Marcha das Vadias – PB
Rede de mulheres em articulação da Paraíba
Cunhã – Coletivo Feminista/PB 
Bamidelê – Organização de Mulheres Negras na Paraíba 
Coletivo Feminista Teimosia/PB 
Ilê Mulher – Porto Alegre/RS 
Rede de Mulheres em Comunicação 
Grupo de Mulheres Negras Nzinga Mbandi/SP 
Associação de Mulheres Flor de Maio 
Grupo de Mulheres Negras Saltenses 
Associação de Mulheres Negras Acotirene 
Associação de Mulheres de Araras/SP 
Movimento Pela Saúde dos Povos/PHM 
Brasil Rede de Mulheres em Articulação na Paraíba 
Sandra Vasconcelos – jornalista 
Frente Feminista do Levante 
Associação Nacional dos Estudantes Livres (ANEL) 
Letícia Fernandes Resck – atriz e feminista independente 
Centro de Ação Cultural - CENTRAC 
Observatório da Mulher 
Associação das Trabalhadoras Domésticas de Campina Grande – PB 
Coletivo Feminino Plural 
Elas por elas- Vozes e ações das mulheres- SP  
MCTP - Movimento Nacional contra o tráfico de pessoas- SP
Fórum Nacional de Mulheres Negras 
 CEN - Coletivo de Entidades Negras 
Sandra Muñoz – feminista 
Eunice Gutman - Via TV Mulher 
Sulamita Esteliam, jornalista e escritora 
Blogue A Tal Mineira - Recife-PE 
O Geledés – Instituto da Mulher Negra 
Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras 
Jeanice Dias Ramos, jornalista, Porto Alegre/ RS 
Tatiane Scherrer - Orçamentista Grafica – Limeira/SP 
Terezinha Vicente - Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada

Campanha da Frente Feminista Levante

As mulheres da Frente Feminista Levante, companheiras na luta pelo fim da violência contra a mulher são fotografadas por Thercles Silva em uma campanha que pretende contribuir e amplificar a discussão acerca das questões de gênero.








Todas as fotos dessa linda inciativa você pode ver clicando aqui.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

É a vovozinha!!!


"Como as vovozinhas viveram o feminismo nos anos 70 no Brasil e como enxergam esse movimento nos dias de hoje? Quais foram as grandes e verdadeiras conquistas, e de que forma as mulheres lidam com esta herança?" --- Programa Vovozinha da TV Brasil, episódio sobre feminismo, com direção de Renata Druck e roteiro de Keka Reis.

sábado, 23 de junho de 2012

Sugestão de leitura

Bom, como bons e boas vadi@s que somos, o que a gente quer e gosta é gente pensando junto, independente de gênero e orientação sexual, formas de construir uma ideia de igualdade. De mundo melhor para todos. 
Talvez essa afirmação possa soar contraditória, (até pelo título do texto que vamos sugerir) mas acredite, não é. Ou não devia ser...  
Então é isso... segue o post de Thiago Beleza (beijo, me liga!), e que de acordo com o autor nos comentários que se seguem ao texto em seu blog (e que recomendamos serem lidos porque amplificam a discussão e o debate) "é um questionamento. São as palavras de um homem (segundo os padrões de comportamento, de sexualidade duvidosa) sobre o que é o feminismo e qual o nosso papel nesse contexto."


Machismo: limitação masculina



Por Thiago Beleza

"A maior parte dos homens que comentam em blogs feministas argumentam que sentem-se oprimidos e ofendidos, que nem todos os homens são tarados-estupradores-machistas-agressores-homicidas. Também dizem que tudo o que as feministas querem é instalar uma ditadura das mulheres e, dessa forma, colocar em prática sua vingança maléfica. Pura criatividade masculina. 
Ocorre que nós homens nascemos e fomos criados em uma sociedade machista. E nossa masculinidade é fragil bagarai (isso é sério, por isso homens não demonstram carinho uns pelos outros. Um simples beijo no rosto acabaria com a nossa masculinidade). O discurso feminista, articulado e cheio de exemplos, coloca todo nosso mundo másculo em pedaços. O processo de aceitação é complexo. Tudo aquilo que acreditávamos ser normal (por pura conveniência, claro) passa a ser a coisa mais terrível do mundo. A primeira reação é a negação. Depois vem a vergonha. Em seguida passamos a nos defender (sem muitos argumentos sólidos, obviamente). Depois vem a raiva e então descambamos para o ataque ao movimento feminista e todas as suas bandeiras. Homens, acreditem-me, nada mais patético. 
Entendam uma coisa: o feminismo não é sobre os homens. Simples assim… Agora, recolha seu ego despedaçado e aceite: O feminismo é sobre as mulheres e como elas reagem em uma sociedade controlada por homens. 
Mulheres sempre estiveram as márgens da história da humanidade, e acredite, não é culpa delas. O feminismo é um movimento (por favor, queridas, corrijam-me se eu estiver errado) que serve para que as mulheres reafirmem sua identidade de gênero em uma sociedade que vê a mulher como enfeite. Aceitem também que, não é o feminismo que oprime os homens, é o machismo. É o machismo que é o problema e não o feminismo. 
A construção que exige de nós uma atitude de macho-alfa é a mesma que exige que as mulheres assumam seu papel de coadjuvantes em nossa história. É o machismo que afirma que homens tem que ser machos, másculos, fortes, garanhões inseminadores, que devem trepar por horas a fio sem cansar. É o machismo que sufoca a sexualidade, ditando o que devemos ou não fazer na cama ou com quem (e com quant@s) devemos nos deitar. Repito, é o machismo que oprime a todos nós. 
A estrutura patriarcal da sociedade fode a vida de todo mundo (seja lá qual for seu gênero ou orientação sexual). Portanto, queridos homens, a nós, cabe o papel de ouvir o que elas tem a dizer. O feminismo não quer homens submissos. O feminismo luta pelo fim do machismo (esse mesmo, que nasce conosco e que é tão natural que nem percebemos) e quer o fim das diferenças entre gêneros. 
Quer que todos sejam respeitados por serem humanos. Portanto, caro macho, antes de agredir o movimento feminista, entenda que você está atacando o inimigo errado. Nós homens devíamos lutar contra o machismo. Esse é o assunto que diz respeito a nós e é ele que deveríamos estar discutindo e não a validade dos argumentos feministas. 
Antes de olhar para elas e dizer que elas estão erradas, devíamos olhar para nós e avaliar o nosso comportamento. Avaliar como nos comportamos em relação as mulheres. Comece aos poucos, avaliando como se comporta com sua mãe, com suas irmãs. Observe se elas recebem o mesmo tratamento que você ou se tem as mesmas vantagens. Depois comece a observar como você tratou suas últimas namoradas. Como você trata as mulheres desconhecidas. O machismo é uma doença social, não individual. 
Sentir-se oprimido pela sociedade, cara, não é vergonhoso e se você não começar a reconhecer seus privilégios por ser homem, pouca coisa vai mudar, pra você, para as mulheres, para os gays. As feministas tem muito a nos ensinar, meu velho. Não banque o macho estúpido (e eu sei que é estupidez porque eu já fui assim) repetindo os clichês que elas estão cansadas de ouvir. 
Se você não se enquadra no perfil que elas denunciam o tempo todo e se incomoda com o que elas dizem, o problema não está nelas, está em nós. Mas ao fazer isso, assuma uma postura menos arrogante. Admita suas falhas, sua ignorância sobre o assunto e eu não conheço nenhuma feminista que vá perder as estribeiras com você. 
Evite também dizer que o feminismo não faz mais sentido de ser, essa é a pior coisa a se fazer. Mulheres são mortas todos os dias por conta do machismo e isso não é uma brincadeira. Ainda culpamos as vítimas de estupro pelo próprio estupro. Ainda dizemos às mulheres violentadas que elas se comportaram mal e mereceram isto. Ainda tratamos nossas irmãs e mães como se fossem nossas empregadas. Ainda AJUDAMOS as nossas companheiras nas tarefas domésticas. Ainda tratamos homossexualidade como desvio de conduta. Lembre-se sempre, nós não somos oprimidos pelo feminismo, cara. É o machismo que fode com tudo. E o machismo, goste você ou não, é um problema masculino."

sexta-feira, 22 de junho de 2012

LUTO E LUTA!!!

Briggida Lourenço, 28 anos, uma grande divulgadora da Marcha das Vadias em João Pessoa, professora da UEPB e mãe de uma criança de doze anos foi assassinada. Seu ex-marido é o principal suspeito e encontra-se foragido.
Briggida veio juntar-se a triste e chocante estatística que aponta que em 2012 sessenta e cinco assassinatos de mulheres ocorreram no Estado. Mais do que em todo ano de 2011.
E para aqueles que nos criticam dizendo que a Marcha é uma ação de "privilegiadas", continuaremos gritando: 
SOMOS TOD@S BRIGGIDA LOURENÇO!!! 
SOMOS TOD@S MULHERES DE QUEIMADAS!!! 
SOMOS TOD@S MARIA DA PENHA!!!
Dia o6 de Julho a partir das 17:00 h, na Praça da Paz nos Bancários, bairro onde a nossa companheira foi cruelmente assassinada faremos uma ação, onde trocaremos experiências, fortalecendo-nos e exigindo justiça para tod@s aquel@s que são vitimad@s pelo machismo. Que MATA TODOS OS DIAS!!! 
E sim, não se iluda, esse foi mais UM CRIME MACHISTA!!!  
Abaixo, um trecho de um texto de Briggida Lourenço em seu blog pessoal tratando da Marcha das Vadias.

 Vadia,eu?!? 
Por Briggida Lourenço

 

Claro!!!! Se vadia significa escolher o que quero fazer e quando fazer (transar, falar, reclamar, gritar...), sou vadia! Se para ser livre sexualmente, é preciso ser "carimbada" na testa com o nome em CAIXA ALTA: VADIA, carimba aqui seu puto machista!!! 
Machismo esse que mata, ameaça, tranca, machuca, olha de lado sabe, faz cara feia quando expomos nossas ideias, cutuca quando quer nos calar na frente dos outros e quando chega em casa senta o pau, seja fisicamente, quanto verbalmente, carimba aqui ohh! 
E ainda tive que escutar de um taxista essa semana: "Essa marcha das vadias é sem sentido. Por que não vão marchar contra os políticos que roubam a gente". E ainda completou: "Apanha porque quer, é só ir na polícia". Conte-me mais, seu machista sobre sua opinião genial!!!


Aproveitamos para tornar público nosso repúdio a mídia sensacionalista que publicou fotos de Briggida em seu apartamento, supostamente depois que a polícia encontrou seu corpo. Entendemos esse tipo de cobertura da imprensa como desrespeitosa e cruel. A polícia que permite esse tipo de violação, sem pensar que existem familiares e amigos da vítima, ou simplesmente pessoas que não querem ter que "comprar" esse tipo de informação, também é responsável para que isso seja ainda considerado "normal" na sociedade que vivemos. 
Sugerimos a esses profissionais, que tem por obrigação, veicular informações e esclarecer a população, colocar no lugar desse tipo de imagem, a fotografia do principal suspeito (que se encontra acima) do assassinato da nossa companheira que se chama GILBERTO LYRA STUCKER NETO e precisa ser detido para responder pela acusação desse crime.
E você, se o avistar por aí, ligue 197 ou 190!!! .